O que tenho de ti,
Senão as miríades de palavras
Não ditas
Que escondo em meus ouvidos?
O que, de ti, no calabouço dos
Meus sentidos,
Está prestes a me salvar?
Onde é que te canto
Nos meus murmúrios,
Com que ar me inflamas,
Eu, fogo,
E logo foge,
Enredando meus modos?
O que sei de ti,
Além das tuas ausências
Tão impregnadas nas minhas falsas procuras?
E com que direito? Virias.
Com que gesto incólume? Me
reconhecerias.
E partirias, tão breve é meu colo.
Não venhas.
Deixa-me com teus vestígios
Que projeto
Na sombra.
No chão do meu pensamento.