quarta-feira, abril 25, 2012

Minuta em acalanto

A noite vem borrando o que sobrou do dia
e a tarde se vai como tuas palavras vão para
qualquer lugar além dos meus ouvidos
e se perdem no vácuo dos sentidos
para lá do mundo
estamos ali ambos dispostos sobre o medo
a escutar o som de estrelas e questionar os
motivos da próxima revolução
estamos pretensamente vivos
e esperamos o surgir de novas constelações
para que nelas nos identifiquemos
a nossa história não contada
o nosso sonho nunca pensado
é noite e estamos sós
corpos feitos de areia e tempo
grito espúrio na garganta das horas
a esperar que te deites ao meu lado
e que tuas mãos enrubesçam quaisquer
desejos meus de claridade e fé
não há motivo para os que creem
penso eu
mas te permites deitar-se junto a mim
e misturar tua pele teus gestos à terra
e esperar supernovas dentro de nós
cuja vida pulsando sobre a matéria orgânica
nos segreda apenas que
o amor se revela no ocaso das circunstâncias