Meu amor não vem; pois há chuva.
As águas podem borrar-lhe os seios mornos.
As gotas podem afogar-lhe o ventre manso.
Meu amor não vem. Por que chove?
Os trovões, os relâmpagos, o céu escuro
fazem meu amor delirar, esconder-se.
O amor não vem, porque não há.
O amor esfarelou-se, areia branda.
O amor dançou sozinho nas trincheiras.
Meu amor não vira. Duro está.
sexta-feira, dezembro 18, 2009
segunda-feira, dezembro 14, 2009
Sobre a palavra
As palavras não são como putas, que,
com alguns (versos) trocados,
as colocamos na posição que quisermos.
A palavra não deve ser forçada à rima.
O poeta é como um alfaite: tira as medidas,
ajusta, corta, costura.
Quem escolhe o tecido e o modelo é a palavra.
A palavra não deve ser escrava do poeta.
As palavras não estão nas prateleiras, em mercados.
Não basta pegarmos, colocarmos numa cesta
E juntá-las, ao final. Não se compra poesia.
A palavra não deve ser feita à poesia.
com alguns (versos) trocados,
as colocamos na posição que quisermos.
A palavra não deve ser forçada à rima.
O poeta é como um alfaite: tira as medidas,
ajusta, corta, costura.
Quem escolhe o tecido e o modelo é a palavra.
A palavra não deve ser escrava do poeta.
As palavras não estão nas prateleiras, em mercados.
Não basta pegarmos, colocarmos numa cesta
E juntá-las, ao final. Não se compra poesia.
A palavra não deve ser feita à poesia.
sexta-feira, dezembro 11, 2009
Poema inacabado
Acendo um cigarro triste.
A manga da camisa cansada
Evidencia mais um dia de trabalho vermelho.
Ando pela rua vazio.
Garoa.
O tempo fechou-se indiferente.
Pelas calçadas mancas
operários deitam-se maquinados.
Ando pela rua, vadio.
Garoa.
A manga da camisa cansada
Evidencia mais um dia de trabalho vermelho.
Ando pela rua vazio.
Garoa.
O tempo fechou-se indiferente.
Pelas calçadas mancas
operários deitam-se maquinados.
Ando pela rua, vadio.
Garoa.
segunda-feira, dezembro 07, 2009
Fragmentos.
Para quem quer se soltar invento o cais,
Invento mais que a solidão me dá.
Invento lua nova a clarear,
Invento o amor e sei a dor de me lançar...
Eu queria ser feliz,
Invento o mar,
Invento em mim o sonhador.
Para quem quer me seguir eu quero mais!
Tenho o caminho do que sempre quis,
E um saveiro pronto pra partir.
Invento o cais
E sei a vez de me lançar.
(Cais - Milton Nascimento)
Invento mais que a solidão me dá.
Invento lua nova a clarear,
Invento o amor e sei a dor de me lançar...
Eu queria ser feliz,
Invento o mar,
Invento em mim o sonhador.
Para quem quer me seguir eu quero mais!
Tenho o caminho do que sempre quis,
E um saveiro pronto pra partir.
Invento o cais
E sei a vez de me lançar.
(Cais - Milton Nascimento)
domingo, dezembro 06, 2009
quinta-feira, dezembro 03, 2009
Súplica à Nossa Senhora das Cabeças
Nossa Senhora das cabeças,
Cortai as nossas!
Salve, Maria, só a dos poetas
Ora por nós, ora por eles.
Senhora, minha algoz
Dai logo a sentença!
Pois, se não valhe por nós,
Que nos valha a guilhotina.
Senhora, que os rostos expurguem
Todo o sofrimento desses tempos.
Que os céus ouçam o tilintar das lâminas.
E tu, Ó santa, intercedei por nós
Junto aos ratos que roerão nossas bocas.
Falai por nós, que já perdemos a palavra.
E Cortai, Nossa Senhora, as Cabeças.
Cortai as nossas!
Salve, Maria, só a dos poetas
Ora por nós, ora por eles.
Senhora, minha algoz
Dai logo a sentença!
Pois, se não valhe por nós,
Que nos valha a guilhotina.
Senhora, que os rostos expurguem
Todo o sofrimento desses tempos.
Que os céus ouçam o tilintar das lâminas.
E tu, Ó santa, intercedei por nós
Junto aos ratos que roerão nossas bocas.
Falai por nós, que já perdemos a palavra.
E Cortai, Nossa Senhora, as Cabeças.
Assinar:
Postagens (Atom)