terça-feira, fevereiro 15, 2011

Mentira.

                                         O poeta é um fingidor¹

Eu sou a mentira escrita
Em versos brancos.
A mentira que vira poesia
Cotidiana,
A celebração do falso,
O mito midiático.
Eu sou a mentira revelada,
Indisposta,
Conveniente e pré-moldada.
Eu escrevo inverdades,
Eu conto anedotas,
E tu crês.
Faze de mim reza,
Ladainha,
Faze de mim seu credo unânimo,
Sua tábua de salvação.
Faze, e deixe-me fazer versos tolos.
Debandados.
Idiossincráticos.
E eu recordo todos os versos já escritos em
    [tabacarias, livros náufragos, folhas paulistanas e em mim.



¹Autopsicografia. Fernando Pessoa.