quinta-feira, agosto 22, 2013

Oh please don't drop me home

Esse vento que não te roça
Nessas folhas que não te significam
E essa história que não te conta
Desse corpo que não te emborca
É esse rio que não te move
E essa perda que não supera

Esse encontro que te demora.

Lá fora o mundo conspira
Bombas doenças
- O estado é de morte.
A gente é porquê.
Se alastra pela memória do tempo
A miséria que se nos lança à cara.

Não podemos parar
Chegaremos atrasados
Ao grande espetáculo
Para o qual não fomos convidados.
(Pela soleira da tua porta entra uma luz
Provisória, como as coisas da vida.)

Somos uma raça de exceções:
Evoluímos no improviso
Uma gambiarra existencial
Filhos temporões de deus.
Desvios, contornos, atalhos.

E teus pés, repousados sobre o destino
E teus pés.

Já não importa:
Serão solitários os versos
Que abrigam a noite

Na boca em silêncio.











quarta-feira, agosto 07, 2013

Remediando

Nesses dias
De poeira e sol
Assenta pelas
Fendas das cercas
E se esgueira feito
Animal sagaz
A tristeza sempre me encarando
Talvez com céleres passos
Possa eu
Elemento dispare e intermitente
Munido de versos e cânfora
Antecipar minha chegada
Bandeira deposta
Punho cerrado
E enfim
Como sobrevivesse aos dias
Batalhas contra o tempo
A esperança no meu colo de poeta
Se aconchegue feito gente
Nos ninhos da calmaria



domingo, agosto 04, 2013

Texto em reconsideração à poesia.

dormias
quando sussurrei minha partida
o mundo era um arenque na tua boca
quando movias tua respiração de sonho
sem que me despedisse
desfiz as malas cheias de palavras
(uma lágrima desabrochava tuas flores)
e deixei que continuasses
-sempre calada nas tuas manifestações
teu repouso hiato
alumbramento & acaso
ao sair
já me custavam as dobras do tempo
e era branco meu caminho
pisando em falso
nos olhos da cara
e era claro-papel
a falta da tua presença
que me espaçava
diluia
e um verso
um pálido ponto azul
anunciava
que minha volta seria
silêncio morno de estrelas