segunda-feira, junho 07, 2010

Carta normativa em desabafo.

Estou à beira das tuas margens 3,0
alinho-me aos teus espaços, plenos
caracteres justificados, permeados
pelas mentiras que contas, e juras
de amor em branco, papel em branco
poesia morta, academia despendiosa
estou à beira da loucura, universo
doido, paragens técnicas de um céu
matemático, enigmático, que engana
os poetas que queriam sonhar vidas
que não há. Pois não há nada, além
disso. Dessa técnica. Não há coisa
alguma além de margem superior que
organiza o texto inferior margem e
espaçamento que enquadra essa cara
poesia, que é feita de bandida céu
entre parágrafos, o amor negritado
e citações e referência e as artes
que foram feitas das artes? Me diz
você, me diga o que as críticas te
disseram. O que a técnica te disse
sobre a poesia que foge do molde e
escapa, sorridente, livre e mordaz
não é o que a poesia acha sobre as
técnicas que dizem o que só pensam
e pensam mal.Porque a arte é livre
como arte, como sentimento, é como
uma coisa que salta, que não deixa
termos, estruturas alheias, a quem
o menor risco se sabe outro risco.
Um risco que puxe outro, e puxe um
desenho, uma poesia, algumas notas
e coisas, quaisquer coisas que não
se enquadrem na estrutura técnica.
Porque a técnica mata a poesia ela
mede a poesia. Assim, fria. Assim.
Mas a poesia sobrevive às técnicas
e está aí, para quem quiser ver ou
ouvir, ou sentir, tocar, mentir as
vezes, quem sabe. A poesia está aí
para mostrar que não há jeito para
quem quer prender a poesia. Pois a
poesia é viva. A poesia tem vidas.