segunda-feira, junho 18, 2012

Cidade

a cidade cresce com seus prédios
como se fossem cacetes
cada vez maiores
rasgando o céu por onde
passam aviões lotados de gente com pressa
e helicópteros - seja de TV, como urubus
sempre cobrindo qualquer notícia
- seja da polícia, como urubus
sempre prontos a nos acusar de qualquer coisa.

e esses prédios - falos enormes
iluminados e coloridos e com gente
gente esperma dentro dos prédios
(alguém pula do 13°: foi um gozo
desperdiçado em direção ao vazio
da cidade).
esses prédios sufocando as casas
o céu
masturbados por um sol
que nasce e morre não sei pra que lado
mas sempre roçando com as cores
a estrutura fálica dos prédios:
a vida contemporânea.

A cidade é um grande corpo
com seus falos, suas veias, um coração sujo
um pulmão imprestável
pernas entrevadas
cabeça demente
e as pessoas transitam nela
como células
com suas funções
e eu
eu sou um câncer
tratado e em vias de desaparecer.