[pavimento do dia covarde.
Aspectos semelhantes ao céu de outubro,
manequins enciumados, triste poeta cantando elegias:
caberia qualquer coisa naquela farsa, naquela roupa, naquela vida.
A moça vestida que desfilava sua saia, que destilava sua elegância,
que me dera olhares em outrora,
era simples moça sem requisitar vicissitudes poéticas.
A saia dançava soprada pelo vento, que lhe encoubera de ter atenções
necessárias de todas as mulheres.
E, quando vez ou outra, pegava-se olhada por terceiros,
[expunha-se envergonhada no corpo da moça.
Era bailarina moderna, apresentando-se no teatro do dia de primavera.
A platéia – que aplaudiria de pé tal apresentação caso à visse –
[estava ocupada com outras coisas.
[estava ocupada com outras coisas.
Mas eu, solitário, lhe assistia como fosse um quadro de Da Vinci.
Quisera eu ter aquela moça, para dar-lhe todas as saias do mundo...
Quisera eu ter aquela moça, para dar-lhe todas as saias do mundo...
Então, por fim, a saia passou e passou o carnaval
[e a tristeza do dia tomou seu devido lugar.
A saia distribui beleza no pobre salão de rostos indiferentes.
A moça retribuiu à saia sua elegância.