domingo, maio 29, 2011

Odisseia

                                      Para uma noite ligeiramente fria                                 

A lua me sorria - frouxa.
Sinais de antenas se
                             [confundem com estrelas.
E eu atravesso crateras asfálticas,
epopéias criadas por galos abandonados,
árvores desapropriadas de companhia.
Nessa imensa volta, prédios e pedidos.
A cabeça, cheia dum passo lento, propõe:
- Deixe que o compassar desse coração tolo te guie.
E penso, sob a noite pouco fria, nas todas revoluções.
A minha única não tem bandeiras ou ideologias.
É a revolução de um mundo orgânico,
                                                       [pulsando em mim.
- A odisseia dos que se creem mais vivos, matando em 
                                                      [si gigantes e deuses.

domingo, maio 22, 2011

Fragmentos.

"(...)Eu já arranhei minha garganta toda
Atrás de alguma paz
.(...)
Eu marquei demais, tô sabendo
Aprontei demais, só vendo
Mas agora faz um frio aqui.

Me responda, tô sofrendo:
Rompe a manhã da luz em fúria a arder
Dou gargalhada, dou dentada na maçã da luxúria
Pra quê?
Se ninguém tem dó, ninguém entende nada
O grande escândalo sou eu aqui
, só.(...)"

Escândalo - Ângela Rô Rô.

sábado, maio 21, 2011

Retrato Abstrato

Se medaram meus meios:
Saudadezas do choves
Nos dias em que sertaneia-me.
Eu tempo e nublo um céu irradio.
Vontade de ser todossó,
Para solidonizar também teus olhos,
Para que tu vejas-a-mim somente.
se acontecesse, cesse em mim, ti.
Eu contigo, teu comigo. 

sexta-feira, maio 20, 2011

Indumentário

Ando cheio de tudo
Ando cheio de 'quandos'
Ando cheio de 'hojes'
Ando cheio de 'segundos'
Cheio de nove-horas
Cheio de terços, terno
Cheio de quartos, quadras
Cheio de 'agoras'
De coisa e negócios da China
De negócios e coisa à tôa
De modos, medos: mudo
De vontade de mundar
Ando cheio de nadas

quinta-feira, maio 19, 2011

barroco

A luz alaranjada se antepõe
Sobre teus marejos,
Sobre teus escuros,
E te propõe que te deixes, lívida.
As sombras te deslizam:
Sobre teus sussuros,
Sobre teus arquejos,
E te avisam que te deixas lívida.
Sei dos teus intrincados sentimentos...



Mas é claro que no amanhã há luz.
  

segunda-feira, maio 09, 2011

Sobre benção

                                                   à minha mãe

Teus terços e santos,
E teus dias, teus serviços,
Teus ditos, teus sonhos,
E teus cantos e vestidos,
Se espalham pela casa, minha mãe,
E são minhas orações
silenciosas;
E são minhas intenções
silenciosas;
E são minhas criações
silenciosas;
A ti, minha mãe, dedico uns versos tortos,
Como tenho sido, como tem sido a vida,
E creio: Lerás o torto em linha reta.
Porque o que parte de ti, minha mãe, é luz
À sua benção, minha mãe. A sua benção, minha mãe.

quinta-feira, maio 05, 2011

Oração ao Santo.

São Longuinho, são Longuinho,
Se eu a encontrar, dou-te três pulinhos.
São Longuinho, são Longuinho,
Se eu a encontrar, dou-lhe uns beijinhos.
Mas se não encontrar, meu santo,
Ponho termo à minha existência.
Porque o que pesa, meu santo,
O que pesa mesmo é esse nó
Esse nó na poesia.
Na poesia que,
São Longuinho, não seja longa
Essa espera.
São Longuinho, meu santo,
Que eu me ache,
Que eu a encontre,
Que eu dou meus pulos!
Teus pulos.