quarta-feira, agosto 29, 2012

Balada

porque sou insistentemente humano
é que te beijo à face
e que cinjo meu ouvido à tua boca
calada
manifestando o estado das coisas
que não se anunciam

por ser tão humano
costuro minha vontade aos seus modos
descalço as luvas da dúvida
e aguardo que fales sem pressa
sobre as cores da solidão

mas não me cantas
e qualquer coisa de ti
está submetida nas palavras
que não dizes
pensas

não são teus
estes versos
por isso os canto
e sonho teus nomes
nas cores embaçadas da
imaginação

nota
vejo ao longe a cavalgada
das ondas
de encontro às encostas

já sei
incerto de mim
onde te guardas da beleza

e segredo um sorriso presto
pois
há em mim
também
a mancha da delicadeza