sábado, junho 30, 2012

Continuamos vivos, afinal.

continuamos vivos, afinal
o tempo se aninha sobre tua pele
revolve nossos sentidos - folhas caídas
envelhecemos, nos tornamos outros
além de nós mesmos
íntimos da vida
já não sabemos muito bem para onde ir
ou porque, depois de tanta experiência
ainda somos pegos por esse mundo que
                                                [prega peças
e mesmo com tantas rugas
(ações da própria existência que insiste
em nos lembrar que não somos eternos)
e tantos cansaços
e tropeços e entornos
ainda continuamos vivos, afinal
mas chegará o momento em que esse jogo
que nunca termina
que dura anos - uma vida inteira,
por mais breve que seja
chegará o momento em que perderemos
essa roleta-russa com uma arma que sequer engatilhamos
esse revólver cano na boca língua prevendo orações
acionamos o big bang? daremos início a um novo fim
(tantos fins, não se esqueça...
já passamos por tantos fins!)
e aí o tempo se espreguiça
boceja
e vai se enrolar em outro corpo
mas ainda não estamos preparados
acreditamos no amanhã
(nem sempre)
e vamos por aí
vivos, afinal.