tag:blogger.com,1999:blog-9648567805380841502024-03-10T21:59:40.058-04:00Outros CaisRenan M. de Mateushttp://www.blogger.com/profile/16194146846941655853noreply@blogger.comBlogger282125tag:blogger.com,1999:blog-964856780538084150.post-46558800447050136912015-01-05T02:21:00.001-03:002015-01-05T03:48:05.165-03:00MigreiAgora tô lá:<br />
<br />
<a href="http://www.aoinvies.blogspot.com.br/">S O S L A I O </a>Renan M. de Mateushttp://www.blogger.com/profile/16194146846941655853noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-964856780538084150.post-74958563310323289972014-08-01T22:55:00.000-04:002014-08-01T22:55:04.240-04:00O Medo <i> o medo: dome-o</i><br />
<i> </i>(Antônio Sodré)<br />
<br />
o medo não mora<br />
nos altos píncaros<br />
não mora<br />
o medo<br />
nos abismos<br />
no oceano profundo<br />
o medo não habita<br />
<br />
onde quer que estejamos<br />
e onde formos<br />
longe ou perto<br />
dentro ou fora<br />
o medo nos encontra<br />
e se instala<br />
- ai de mim, que existo<br />
e sei!<br />
e permanece o medo<br />
escondido entre entranhas<br />
encostado nas sujas paredes<br />
em que escrevemos nossas vontades<br />
<br />
o medo que é.<br />
e está.<br />
<br />
e eu, que vivo à margem,<br />
sempre do lado de lá,<br />
espero o medo<br />
(com suas plumas<br />
e bijuterias)<br />
me achar.<br />
<br />Renan M. de Mateushttp://www.blogger.com/profile/16194146846941655853noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-964856780538084150.post-51643201905169512592014-07-30T21:57:00.002-04:002014-07-30T21:57:46.830-04:00Nocturno n° 5paira sobre as coisas<br />
e suas cores<br />
(o que não reflete é breu)<br />
uma tristeza que descansa<br />
na noite quase morna<br />
desse inverno:<br />
imóveis árvores,<br />
silêncio dos autos,<br />
céu dissipando estrelas<br />
<br />
nonde há luz; sombra -<br />
barroco movimento das vontades.Renan M. de Mateushttp://www.blogger.com/profile/16194146846941655853noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-964856780538084150.post-81787980507411106882014-07-27T11:17:00.003-04:002014-07-27T11:17:42.448-04:00Códicequando Eva me pariu<br />
mal sabia ela<br />
que a dor maior<br />
- a existencial<br />
viria parcelada<br />
pelos séculos<br />
às suas descendentes.<br />
<br />
rasguei o ventre de minha primeira mãe<br />
e saí me derramando no mundo<br />
as dores do parto resignaram-na<br />
moça solteira prenhe de filho pardo<br />
o pai não se sabe<br />
alento não tinha<br />
<br />
no entanto<br />
como todo acaso<br />
que transforma o mundo<br />
num espetáculo plausível<br />
ao romper a placenta<br />
vazou de súbito<br />
a poesia escondida<br />
jorrou aos montes<br />
encobriu as várzeas<br />
e me afogou num morno<br />
percebimento<br />
da vida ao redor.<br />
<br />
quando Eva me pariu<br />
jogou no mundo toda a cor<br />
que era de sangue<br />
e terra<br />
que era verso e sombra<br />
<br />
nesse chão agreste<br />
que deus nos deu.Renan M. de Mateushttp://www.blogger.com/profile/16194146846941655853noreply@blogger.com4tag:blogger.com,1999:blog-964856780538084150.post-25555924446130502072014-06-25T22:28:00.001-04:002014-06-25T22:28:22.416-04:00o poeta anda consigosou um homem comum<br />
feito de pele e tédio<br />
pêlos e instatisfação<br />
caminho pelas calçadas<br />
- sempre pulando o ladrilho branco<br />
fumo marlboro<br />
tomo uma gelada<br />
e estou sempre atento ao atravessar as<br />
ruas<br />
pois são perigosos os automóveis<br />
velozes como a cidade<br />
<br />
mas acontece que também sou poeta:<br />
devasto a madrugada<br />
que se agasalha na minha pele<br />
a procura de um verso<br />
em que eu caiba<br />
espreito poetas<br />
que aprendi a ler por força<br />
da ocasião<br />
e assovio um bixiga 70<br />
nas horas de ansiedade<br />
<br />
como me soubesse gente<br />
desde cedo<br />
e já que descobri<br />
ao vasculhar os meus cabelos<br />
a poesia escondida<br />
<br />
não me afeta o cinéreo tempo<br />
que se abate sobre nossa testa<br />
- uma prova de fogo, talvez<br />
antes<br />
na luz em que resisto<br />
colho com as mão lavradas<br />
e o afeto nos olhos<br />
um momento pequeno<br />
como o delicado chilrear<br />
dos pintassilgos.Renan M. de Mateushttp://www.blogger.com/profile/16194146846941655853noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-964856780538084150.post-66671830580010029852014-06-04T11:00:00.000-04:002014-06-04T11:00:00.830-04:00I.<br />
<br />
se tens, amor, um bacamarte<br />
mira mas não erra.<br />
na cabeça uma sentença:<br />
nas têmporas da temperança<br />
deixe o sangue arbitrário<br />
validar o signo oportuno<br />
no gosto do coração que avança.<br />
<br />
se tens, amor, algum punhal<br />
permita-se fincá-lo nos<br />
umbrais da alegria<br />
desses dias em que sorris<br />
como em sonho & possibilidade<br />
<br />
II.<br />
<br />
mas se nada trazes nas mãos<br />
além dos nós, das falanges tristes<br />
se nada tiveste nas tuas andanças,<br />
na tua alforria<br />
<br />
venha assim mesmo: amor<br />
como se nada soubesses de nós<br />
e da morte, do degredo escapaste<br />
como puído o destino das tuas rotas<br />
ou incerto o desejo dos teus gestos...<br />
<br />
vens, branda mas ligeira<br />
aplaca o que de mim não se apascenta:<br />
o calor das tardes, o tácito gosto dos meus medos<br />
e acalanta minha insensatez<br />
<br />
III.<br />
a respeito da vida conheço os pormenores,<br />
o que fica tangente, espaço de fuga, à deriva no peito<br />
e sei também do que se perde pelos cantos empoeirados,<br />
onde range um sentimento ermo ou delicado.<br />
<br />
a respeito de ti, meu corpo sugere a presença:<br />
<br />
abismo, ecoando as cores do tempo,<br />
<br />
pedindo licença para estar<br />
<br />
sujeito às manifestações do ser.Renan M. de Mateushttp://www.blogger.com/profile/16194146846941655853noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-964856780538084150.post-2487934128203541832014-06-03T22:07:00.003-04:002014-06-03T22:07:26.992-04:00Fragmentos"(...)<div>
Pois estávamos tristes, <br /> apesar dos sorrisos, <br /><br /> da tua mão na minha <br /> e das flores na sala. <br /><br /> E como havia em tudo <br /> um adeus sem destino, <br /><br /> deixamo-nos ficar <br /> neste sofá florido. <br /><br /> Mas, de súbito, um pássaro, <br /> suspeitando o jardim <br /><br /> com seus grilos e rãs, <br /> trouxe o sonho de volta <br /><br /> do que foi nossa alma, <br /> do que foi nossa carne, <br /><br /> do que foi a desfeita <br /> solidão pelo abraço. <br /><br /> E disseste: — Na pressa <br /> da alegria, retive <br /><br /> o que sei era a morte <br /> no seu próprio casulo. <div>
(...)"</div>
<div>
<br /></div>
<div>
(Alberto da Costa e Silva - Ao lado de Vera)</div>
</div>
Renan M. de Mateushttp://www.blogger.com/profile/16194146846941655853noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-964856780538084150.post-15061339985492312172014-05-27T12:53:00.001-04:002014-05-27T12:53:06.758-04:00Madrugadade madrugada<br />
quando me deito<br />
no escuro do meu silêncio<br />
poemas de variadas formas<br />
vêm aninhar-se a mim<br />
<br />
ficamos todos<br />
os poemas e eu<br />
calados esperando<br />
aquecidos, nesse frio<br />
[besta que faz em cuiabá<br />
o momento em que surja o dia<br />
<br />
quando lá pelas tantas<br />
em que já desponta um sol careca<br />
levanto atrasado<br />
e os poemas<br />
percebo logo<br />
já se foram<br />
cada um para o seu rumo<br />
<br />
fazer valer o sonho dos meninos<br />
que não sentem nas costas<br />
o peso do que é o viverRenan M. de Mateushttp://www.blogger.com/profile/16194146846941655853noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-964856780538084150.post-75709799105774348372014-05-10T11:47:00.000-04:002014-05-10T11:47:08.432-04:00Pequenas coisas cotidianasembora já não haja em mim<br />
a disposição existencial<br />
para os adornos da poesia<br />
e mesmo não trazendo na algibeira<br />
[o contentamento com a vida<br />
o reflexo do tempo no espelho cotidiano<br />
revela uma face confiante<br />
<br />
não sabendo quem sou<br />
mas aberto ao beijo do mistério<br />
posso caminhar<br />
com passo desritmado<br />
sobre a linha do ser-no-espaço<br />
<br />
- eu gasto saliva tentando explicar<br />
as cores do dia<br />
os sons das vontades<br />
<br />
participo feito bicho<br />
com meus urros e anseios<br />
da repetição do mundo...<br />
<br />
...e as palavras, meu deus,<br />
reluzindo o silêncio<br />
das coisas<br />
<br />
<br />
<br />
<br />Renan M. de Mateushttp://www.blogger.com/profile/16194146846941655853noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-964856780538084150.post-70424816610898510152014-04-08T17:55:00.000-04:002014-04-08T17:56:37.288-04:00Os covardes IIIera pra te ver voltando<br />
<div>
tola diacrônica </div>
<div>
na incipiência dos teus porquês</div>
<div>
valendo-se arguta dos pormenores</div>
<div>
que ignorei</div>
<div>
<br /></div>
<div>
era pra te ver lugar-comum</div>
<div>
depois de tantos anos</div>
<div>
eu cresci em você e você</div>
<div>
debandando</div>
<div>
nosso barco-de-papel</div>
<div>
nossa casa e nosso fruir</div>
<div>
e depois</div>
<div>
logo hoje</div>
<div>
era pra te ver</div>
<div>
<br /></div>
<div>
você eu e o fosco céu</div>
<div>
na sagração dos nossos pecados</div>
<div>
adultos </div>
<div>
barba-na-cara</div>
<div>
você tão mulher</div>
<div>
decidida-a-ser</div>
<div>
<br /></div>
<div>
chega depois de tantos anos</div>
<div>
e tantos copos pra te esquecer e</div>
<div>
tantas outras-que-não-eram-você</div>
<div>
com esse seu mesmo jeito de sempre</div>
<div>
<br /></div>
<div>
(como eu poderia esquecer?)</div>
<div>
<br /></div>
<div>
e eu escondo o aceno</div>
<div>
enterro a mão no bolso</div>
<div>
você atende o celular</div>
<div>
- parece ocupada, sempre quis parecer</div>
<div>
e de canto de boca eu sorrio lembrando</div>
<div>
do quanto nós deixamos de amar</div>
<div>
covardes como poderíamos ser</div>
<div>
<br /></div>
<div>
você passa. me viu. ignoramos a hipótese</div>
<div>
o colo o beijo o grito a hora.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
talvez quem sabe no futuro quem sabe nunca.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
<br /></div>
Renan M. de Mateushttp://www.blogger.com/profile/16194146846941655853noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-964856780538084150.post-5727173296965957412014-02-11T08:26:00.002-03:002014-02-11T08:27:53.071-03:00Fragmentos"(...)Eu amo o Longe e a Miragem,<br />Amo os abismos, as torrentes, os desertos...(...)<br /><br /> (Cântico Negro - José Régio)Renan M. de Mateushttp://www.blogger.com/profile/16194146846941655853noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-964856780538084150.post-89243113170213479672014-01-30T14:58:00.000-03:002014-01-30T14:58:13.725-03:00autorretratoouvi na vida: é preciso ter foco<br />
mas eu<br />
que enxergo embaçado<br />
meio míope e quase estrábico<br />
encontro, no borrado das circunstâncias<br />
a matéria da minha poesia<br />
<br />
tenho um nome nada grandioso<br />
e ajuntei quinquilharias ao longo dos tempos<br />
não sirvo pro trabalho pesado<br />
criei meu mundo em um dia<br />
descansei<br />
joguei conversa fora<br />
e arrumo minhas tralhas de maneira irregular<br />
<br />
- acomete-me dizer que sou gente por acaso<br />
<br />
adula a noite meus tortos pensamentos<br />
(sonho com acasos outonos puderas & silêncios)<br />
vou sempre no meu rumo<br />
sem nem ter pra onde ir<br />
e canto às vezes<br />
para um dia colorido<br />
<br />
e ouço, sempre:<br />
"é preciso saber o que se quer da vida"<br />
minha carne sente o gosto das palavras<br />
e faz pouco<br />
do que não se pode ser<br />
<br />
mas tenho em mim um bicho manso<br />
que galopa, se entrevê<br />
e não deixa meu corpo parar:<br />
<br />
- nele eu monto, cela firme<br />
e atravesso campos de intempéries<br />
à procura de remanso.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />Renan M. de Mateushttp://www.blogger.com/profile/16194146846941655853noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-964856780538084150.post-30608227866667252712014-01-11T15:34:00.001-03:002014-01-11T15:43:11.814-03:00Os covardes IIeu era garota<br />
no máximo uns 17<br />
- lembra daquele tempo?<br />
eu te esperava encostada no muro da escola<br />
jeans e pose de descolada<br />
fumava meu <i>holly-menta</i><br />
no máximo 10<br />
pouca grana<br />
- lembra?<br />
e você chegava todo macho<br />
era um moleque<br />
falava de poesia<br />
de como mudaria o mundo com sua arte<br />
e eu esperando só a hora da morte<br />
a gente conspirava<br />
sexo às vezes<br />
<br />
(- e aquele papo todo<br />
de amigos e você apaixonado pela<br />
Marcela, por mim tudo bem, não pra você, né?-)<br />
<br />
mas éramos covardes<br />
descobrindo-se aos poucos<br />
desengonçados nesse lance<br />
de amor<br />
e você ia embora com Marcela<br />
- justo a Marcela! -<br />
eu pensava<br />
era garota com meus 20<i> holly-mentas</i><br />
17 no máximo<br />
covardes e você me deixando<br />
<br />
voltando a essa hora<br />
- foi tanto tempo assim? -<br />
pedindo abrigo<br />
querendo arrego<br />
escondendo a solidão<br />
pra quê?<br />
deixando claro o que eu prefiro escuro<br />
<br />
-vai!Renan M. de Mateushttp://www.blogger.com/profile/16194146846941655853noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-964856780538084150.post-89474082724639979452013-12-31T18:36:00.000-03:002014-01-01T16:38:40.185-03:00trajetóriaum punhado de sol<br />
lançado no horizonte<br />
fragatas dispostas no céu<br />
(- e o vôo, intermitente)<br />
avencas em cacho<br />
e depois a noite<br />
o sussurro do tempo<br />
o alvitre de estrelas<br />
escuro movimento das horas<br />
a vida - o que quer que seja<br />
é sempre a repetição dos atos<br />
um roteiro conciso uns papeis elementares<br />
[num cenário cheio de roldanas<br />
[cordas que se sustentam nunca param<br />
[conduzidas pelos ventos das mudanças<br />
mas somos homens e somos mulheres<br />
o intervalo entre o sim e o não<br />
fracos de memória<br />
sem papel que se consiga decorar<br />
não levamos jeito com essa coisa<br />
nem deixamos barato para o mundo<br />
insistimos batemos brigamos & cremos<br />
gente - nós cremos<br />
no futuro que não está aí<br />
pachorrento e displicente<br />
com sua pança e seu bigode<br />
e que vem devagar<br />
trazendo junto às mãos<br />
tão cerradas quanto nossas dores<br />
possibilidades de renovação<br />
amiúdes quinquilharias<br />
que aceitamos com todo o gostoRenan M. de Mateushttp://www.blogger.com/profile/16194146846941655853noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-964856780538084150.post-16998370815209885952013-12-04T16:53:00.001-03:002013-12-04T22:49:45.983-03:00filosofiaantes de tomar minha cerveja<br />
derramo um gole pro santo<br />
e acompanho aquele líquido<br />
percorrendo o chão de cimento<br />
como uma serpente<br />
tentando sobreviver<br />
tomando espaços tortuosos<br />
e daqui de cima<br />
de onde posso ver essa<br />
coisa que se forma<br />
me sinto como um deus<br />
criando os rios<br />
e penso<br />
será que esse deus bebia<br />
quando inventou de fazer o mundo?<br />
<br />
aqui nesse boteco sujo<br />
bebendo num copo malavado<br />
essa cerveja que mais parece água amarga<br />
me vem à cabeça toda a compreensão<br />
da existência humana.<br />
<br />
viemos de um copo derramado<br />
e vivemos a caçar rumo<br />
depois sabe-lá-deus o que será<br />
se é que for<br />
se já não tenha sido.Renan M. de Mateushttp://www.blogger.com/profile/16194146846941655853noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-964856780538084150.post-81959844006130075892013-11-26T09:04:00.000-03:002013-11-30T13:27:48.974-03:00Missavocê se sugere<br />
como fosse um ostensório<br />
carregando dentro de si um<br />
deus imolado<br />
em expiação aos meus pecados<br />
e eu que não sou santo<br />
fim-em-si-mesmo<br />
não busco redenção<br />
meas culpas, amém<br />
<br />
minha carne viva<br />
que carrega células mortas<br />
(unhas cabelos<br />
crescem e também a barba<br />
cresce como mato meu corpo atlântico<br />
que não cabe no espaço de horas<br />
e no sentido do mundo corpo de poeta<br />
sempre marginal por definição disposto a morrer<br />
e a amar e a ser um desígnio um presságio<br />
ordinário)<br />
e gente e paisagens na lembrança<br />
não cabe no cálice<br />
fique sabendo<br />
o meu sangue se bebe aos litros<br />
<br />
-tomai todos e bebei!<br />
<br />
<br />Renan M. de Mateushttp://www.blogger.com/profile/16194146846941655853noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-964856780538084150.post-9945918111006880972013-11-10T14:31:00.003-03:002013-11-10T14:33:01.824-03:00target esgueiro-me e<br />
no espelho<br />
é você<br />
o teu corpo granito<br />
que fere mas não cala<br />
casa alcova mortalha<br />
tem meandros adros<br />
que eu percorro - e me arrisco<br />
no trajeto<br />
(no <i>target</i><br />
eu me perco<br />
e me acerto)<br />
e continuo<br />
pedra de tropeço<br />
calculando cantaria<br />
nos cantos em que não te encontras<br />
<br />Renan M. de Mateushttp://www.blogger.com/profile/16194146846941655853noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-964856780538084150.post-70296847348839233502013-10-09T19:34:00.001-04:002013-10-09T23:12:35.767-04:00Trago as loucuras presas por um fio de nylon<br />
Seguro-as firme com as mãos<br />
E pairam no céu, como balões de hélio<br />
Todas elas: loucuras coloridas e de diversas formas<br />
Suspensas no espaço.<br />
<br />
<div>
Às vezes, é preciso soltar alguma<br />
E deixar que vá e voe para os confins<br />
Por outras nutro grande estima<br />
E as carrego bem juntas ao meu corpo.<br />
<br />
<div>
Mas não passam de loucuras<br />
Que administro de acordo com as possibilidades do dia<br />
Mas não passam de nadas<br />
Que eu invento e descubro<br />
Quando a noite não dá pé<br />
E a vida se torna impraticável.<br />
<br />
Já não sei muito bem, é certo,<br />
Se sou eu mesmo quem as leva<br />
(Todas as loucuras e eu. Todas nascidas da minha carne de poeta)</div>
<div>
Ou se são elas que me conduzem<br />
Como asas que se sabem minhas<br />
Surgidas em mim antes que eu existisse<br />
Planejadas na memória das eras<br />
<br />
Na lembrança do tempo apagado de poesia.<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br /></div>
</div>
Renan M. de Mateushttp://www.blogger.com/profile/16194146846941655853noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-964856780538084150.post-69562326751833005982013-09-26T10:03:00.004-04:002013-09-26T10:03:57.096-04:00PeleTua pele fissura<br />E pelo abismo<br />Desvendado de manhã pela primavera<br />Surgem<br />- Aos poucos, como folhas soltas no chão de palavras,<br />Guerras amores pecados capitais<br />Humanidades<br />Explodimos canções, amor,<br />E tocamos o indelicado momento<br />O <i>sine qua non</i><br />(A existência das tardes de descobertas incólumes, pronunciadas por essa língua que cria e destrói apaga e colore)<br />Silencio!<br />Corre pela superfície do meu corpo-estado<br />Um rio intermitente<br />Atravessa minhas planícies e vales<br />Escondido pelo tempo:<br />Seca inverno terra<br />- Ter havido em mim todas as disposições<br />E agora hachuras de versos<br />Ter calado em nós todas as circunstâncias<br />Fronteiras e declínios<br />Pudera.<br /><br />E, depois de nós,<br />Adiante ali onde as coisas não se explicam<br /><br /><div>
O sol.</div>
Unknownnoreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-964856780538084150.post-89512566397024806702013-09-10T19:46:00.001-04:002013-09-10T19:48:32.160-04:00amor e outras coisas nº 4O amor trafega pelas vias empoeiradas<br />
Toma um desvio<br />
Segue sempre pela pista da esquerda<br />
Onde demais coisas transitam lentas<br />
Anunciando curvas<br />
E repetindo sinais<br />
<br />
Estaciona em local proibido.<br />
<br />
O amor vem com direção e câmbio automático<br />
O amor precisa de ar<br />
Mas não de travas<br />
O amor tem uma potência de 300 cavalos<br />
Faz 35 Km/L e<br />
<br />
Quando arranca, o amor dói. <br />
<br />
Balanceado, o amor dura<br />
Alinhado, tem bom desempenho<br />
<br />
Mas pode bater ou capotar.<br />
<br />
E o amor se amassa:<br />
Às vezes tem conserto,<br />
<br />
Leva tempo.<br />
<br />
Às vezes.<br />
<div>
<br />
<br />
<br />
<br />
<br /></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-964856780538084150.post-29547521032597198732013-09-03T21:34:00.002-04:002013-09-06T17:02:37.407-04:00EcrãBruxuleavam meus olhos<br />
Respaldados pelo <i>pianíssimo</i><br />
Que se concentrava<br />
No embargo de minhas orações<br />
Na meia-luz do meu ecrã<br />
No quase transponível gosto<br />
<br />
<div>
- Outrora me abrigavam as diásporas<br />
Arames; farrapos de condições<br />
E rompíamos o acaso, os muros soletravam<br />
Palavras de ordem. Lembras-te?<br />
E o mundo<br />
(não o cantamos!)<br />
Construiu para si arranjos<br />
Incompreensíveis -<br />
<br />
Das revoltas. <br />
Não poderia eu<br />
Poeta, sobretudo gente,<br />
Parar as máquinas engrenagens ameaças<br />
Nem compor um verso livre<br />
Embora humano<br />
Que pudesse salvar o mundo.</div>
<div>
<br />
Apenas um sussurro,<br />
Minhas mãos de menino, em conchas,<br />
Anunciando o gesto<br />
Pouco delicado<br />
Quase surdo<br />
Do tempo de nós.</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-964856780538084150.post-9362061266847935952013-08-22T22:43:00.002-04:002013-08-22T22:49:49.616-04:00Oh please don't drop me homeEsse vento que não te roça<br />
Nessas folhas que não te significam<br />
E essa história que não te conta<br />
Desse corpo que não te emborca<br />
É esse rio que não te move<br />
E essa perda que não supera<br />
<br />
Esse encontro que te demora.<br />
<br />
Lá fora o mundo conspira<br />
Bombas doenças<br />
- O estado é de morte.<br />
A gente é porquê.<br />
Se alastra pela memória do tempo<br />
A miséria que se nos lança à cara.<br />
<br />
Não podemos parar<br />
Chegaremos atrasados<br />
Ao grande espetáculo<br />
Para o qual não fomos convidados.<br />
(Pela soleira da tua porta entra uma luz<br />
Provisória, como as coisas da vida.)<br />
<br />
Somos uma raça de exceções:<br />
Evoluímos no improviso<br />
Uma gambiarra existencial<br />
Filhos temporões de deus.<br />
Desvios, contornos, atalhos.<br />
<br />
E teus pés, repousados sobre o destino<br />
E teus pés.<br />
<br />
Já não importa:<br />
Serão solitários os versos<br />
Que abrigam a noite<br />
<br />
Na boca em silêncio. <br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />
<br />Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-964856780538084150.post-34106499181963148792013-08-07T18:25:00.004-04:002013-08-07T18:25:34.305-04:00RemediandoNesses dias<br />De poeira e sol<br />Assenta pelas<br />Fendas das cercas<br />E se esgueira feito<br />Animal sagaz<br />A tristeza sempre me encarando<br />Talvez com céleres passos<br />Possa eu<br />Elemento dispare e intermitente<br />Munido de versos e cânfora<br />Antecipar minha chegada<br />Bandeira deposta<br />Punho cerrado<br />E enfim<br />Como sobrevivesse aos dias<br />Batalhas contra o tempo<br />A esperança no meu colo de poeta<br />Se aconchegue feito gente<br />Nos ninhos da calmaria<br /><br />
<br />
<div class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt;">
<br /></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-964856780538084150.post-73630211497247624842013-08-04T11:59:00.001-04:002013-08-04T11:59:13.240-04:00Texto em reconsideração à poesia.dormias<br />
quando sussurrei minha partida<br />
o mundo era um arenque na tua boca<br />
quando movias tua respiração de sonho<br />
sem que me despedisse<br />
desfiz as malas cheias de palavras<br />
(uma lágrima desabrochava tuas flores)<br />
e deixei que continuasses<br />
-sempre calada nas tuas manifestações<br />
teu repouso hiato<br />
alumbramento & acaso<br />
ao sair<br />
já me custavam as dobras do tempo<br />
e era branco meu caminho<br />
pisando em falso<br />
nos olhos da cara<br />
e era claro-papel<br />
a falta da tua presença<br />
que me espaçava<br />
diluia<br />
e um verso <br />
um pálido ponto azul<br />
anunciava<br />
que minha volta seria<br />
silêncio morno de estrelasUnknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-964856780538084150.post-68166080218083359782013-06-15T14:15:00.000-04:002013-06-15T14:15:05.896-04:00anedotafosse essa polícia instruída<br />
na moral e bons costumes<br />
lesse clássicos<br />
ouvisse chopin<br />
ensaiasse versos alexandrinos<br />
de culto à beleza e ao amor<br />
<br />
fosse essa polícia erudita<br />
- bateria<br />
mas com ovídio<br />
ou platãoUnknownnoreply@blogger.com2