paira sobre as coisas
e suas cores
(o que não reflete é breu)
uma tristeza que descansa
na noite quase morna
desse inverno:
imóveis árvores,
silêncio dos autos,
céu dissipando estrelas
nonde há luz; sombra -
barroco movimento das vontades.
quarta-feira, julho 30, 2014
domingo, julho 27, 2014
Códice
quando Eva me pariu
mal sabia ela
que a dor maior
- a existencial
viria parcelada
pelos séculos
às suas descendentes.
rasguei o ventre de minha primeira mãe
e saí me derramando no mundo
as dores do parto resignaram-na
moça solteira prenhe de filho pardo
o pai não se sabe
alento não tinha
no entanto
como todo acaso
que transforma o mundo
num espetáculo plausível
ao romper a placenta
vazou de súbito
a poesia escondida
jorrou aos montes
encobriu as várzeas
e me afogou num morno
percebimento
da vida ao redor.
quando Eva me pariu
jogou no mundo toda a cor
que era de sangue
e terra
que era verso e sombra
nesse chão agreste
que deus nos deu.
mal sabia ela
que a dor maior
- a existencial
viria parcelada
pelos séculos
às suas descendentes.
rasguei o ventre de minha primeira mãe
e saí me derramando no mundo
as dores do parto resignaram-na
moça solteira prenhe de filho pardo
o pai não se sabe
alento não tinha
no entanto
como todo acaso
que transforma o mundo
num espetáculo plausível
ao romper a placenta
vazou de súbito
a poesia escondida
jorrou aos montes
encobriu as várzeas
e me afogou num morno
percebimento
da vida ao redor.
quando Eva me pariu
jogou no mundo toda a cor
que era de sangue
e terra
que era verso e sombra
nesse chão agreste
que deus nos deu.
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