terça-feira, novembro 26, 2013

Missa

você se sugere
como fosse um ostensório
carregando dentro de si um
deus imolado
em expiação aos meus pecados
e eu que não sou santo
fim-em-si-mesmo
não busco redenção
meas culpas, amém

minha carne viva
que carrega células mortas
(unhas cabelos
crescem e também a barba
cresce como mato meu corpo atlântico
que não cabe no espaço de horas
e no sentido do mundo corpo de poeta
sempre marginal por definição disposto a morrer
e a amar e a ser um desígnio um presságio
ordinário)
e gente e paisagens na lembrança
não cabe no cálice
fique sabendo
o meu sangue se bebe aos litros

-tomai todos e bebei!


domingo, novembro 10, 2013

target

esgueiro-me e
no espelho
é você
o teu corpo granito
que fere mas não cala
casa alcova mortalha
tem meandros adros
que eu percorro - e me arrisco
no trajeto
(no target
eu me perco
e me acerto)
e continuo
pedra de tropeço
calculando cantaria
nos cantos em que não te encontras