domingo, fevereiro 12, 2012

Poema-retrato


Te entregaste à uma existência
que supunhas que te traria alívio
dos sofrimentos desse mundo.
Te deixaste cair aos pés da vida
e imploraste amor que não tiveras
e, num riso farto e intransigente,
recebeste a resposta hermética:
levanta-te, dizia a vida, e anda
pelas paragens, pelas sarjetas,
atrás de tuas fêmeas, atrás de.
E tu partiste à revelia do.
Colocaste um riso forçado face ao.
E nos bares, na miraculosa bebida
nas proféticas conversas com pobres diabos
no incensário improvisado com a fumaça do cigarro
tropeçaste no amor, que dormia próximo à saída.
Não o reconhecera e até mesmo lhe negaste um copo.
Saíste, bêbado, sem rumo pelas calçadas do mundo
e quando já cansado e faminto,
dormes profundamente
na frieza da solidão.