domingo, maio 16, 2010

Senhora.

Urubus brincam sobre sua carcaça, mulher.
Assim, com as asinhas em movimento e
os biquinhos negros, mordiscam tua carne rígida.

Teu playground - virtus et sapientia - está cheio
de vermes, dos mais delicados aos mais científicos.
Levanta-te, arqueada.

Onde estão tuas muletas?
O que há com teus doutos olhares?
Tu, mulher, engasgar-se-á com teu próprio vômito.

Ó, espaço do saber!
Ó, cidade infecunda!
Atira-te ao degredo, desagrada!

E vós, estruturalistas,
vós, analistas, teóricos da poesia,
vós, que, imundos, lotam de palavras torpes
textos tolos, técnicos e tolhidos
de toda criação, que parasitam esta velha senhora, como
fungos e bactérias, deixeis que venha o dia súbito.

Pois há de chegar o dia da loucura.
Pois há de chegar o dia em que o juízo será lançado aos porcos.


Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo... deixe-me com os meus.