quarta-feira, março 14, 2012

haikai.

é tão difícil
ganhar algum concurso
penso e desisto

Experiência poética n° 2 - Da utilidade da poesia

a poesia pega senha
enfrenta fila
espera horas para ser atendida
por uma moça excessivamente maquiada
que lhe diz que não há vagas
na vida das pessoas
porque sua utilidade perdeu há tempos
a renovação estilística a qual deveria
ter se adaptado
holerites extratos contratos
- a poesia, meus senhores, a poesia não fala a língua do dinheiro.
Precisa fazer urgentemente um curso técnico em finanças
depois é claro deve se especializar em bancos e dívidas externas
a poesia sai desmantelada
tentando compreender seu lugar no mundo
querendo atenção dos transeuntes cansados
dos dias cansados
da vida cansada
e a poesia passeia em dia útil
por uma via em que quase ninguém trafega
a via dos sonhos
via as coisas como são e como serão
e a poesia se senta num banco da praça central
às três da tarde
e espera que lhe façam companhia
lhe contem causos
ou lhe leiam notícias dum jornal que de poético não tem nada