domingo, junho 19, 2011

Poema-Memória.

                                                            A Maiakóvski
Conclamo as estrelas exiladas
- Ouvirão meus companheiros?
- Eles [meus companheiros] ouvirão?
Inúteis são as luzes da cidade,
Se há escuro nos nossos meios.
Já não temos motivos para festa:
A vida anda apertada em filas.
Esses dias de suores e trabalhos
Amargam homens e mulheres.
Penso no futuro que já vem
Sem pedir licença, 
Atropelando nossos sonhos.
E o que nos resta é crer no absurdo.
Em ti, camarada, procuro um pouco de
                                                   [paz,
Mas teus versos são inflamados.
Em ti novas dores, primaveras e um amor
Que se libertará.

sábado, junho 18, 2011

Poema Insosso

Tenho errado a mão.
E o que me fica é o gosto
                     [de incoerência na boca,
De uma massa que não vingou,
Que está presa em uma forma torta
- Involuntária.
Procuro me ingredientar, mas minhas
Especiarias se perderam
Pelo meu chão sujo.
E eu, reles, misturo minhas vontades
Contidas em xícaras e colheres de
Indefinições.
Amasso meu futuro, para que caiba
Nos meus planos tolos.
E, quando levo ao forno,
Percebo que não há fogo.

sábado, junho 11, 2011

Madrugada Fria

Numa madrugada fria
eu ia e ia
por aí afora
fora de mim
pensando
ando
em você seria minha pele
lembrando
da sua?
assim eu ia,
aí eu nessa sala vadia
ia por aí à beça
cabeça vazia eu ia ainda
querendo
sua pele na minha carne
nessa vida ida madrugada,
'inda fria.

quinta-feira, junho 09, 2011

Um fim de tarde e um amor.

O meu amor adora esgoelar-se na sala.
Chama-me patife, babaca e escroto.
Ri alto - do alto de sua embriaguez e absurdo.
O meu amor pega pesado no batente e no
                                                  [cacete.
Suas mãos são leves, mãos de ladrão:
Meu amor destroça quaisquer possibilidades minhas
                                [de felicidade, ínfima que seja.
De repente, abre-me os olhinhos e os cospe lágrimas.
Meu amor é um anjo! Deseja virgens-marias e santas causas.
Invade meu fígado, e num instante bole com a bile.
É chegado num etílico e se dissolve se acuado.
Meu amor é assim: Homicida e filantrópico.
É de lascar!
Mentiroso e ridículo como ele só,
É um James Dean morto e sepultado.

terça-feira, junho 07, 2011

O Signo das Coisas

pede-se silêncio:
nas bibliotecas e nas cidades.
os livros não me calam,
carros me gritam o caos.
o mundo me chama de arredio,
o fogo das grandes corporações
                           [me queima o ventre.
querem que eu dê a luz à obediência.
aborto a poesia - que nasce num choro in blues.
querem calar-me às pressas.
querem calar-me as preces.
o céu me supõe cinza, mas por trás de toda roupa
há pele, há vida, há o que brotará do medo infértil.