Te fumam e te cheiram, Maria
Te bebem e te comem, insana
Te mendigam, travestem e emana
De ti o sofrimento da noite e do dia
Em ti trabalham, ganham mixaria
Gente comum e gente sacana
Que vive como dá, se engana
Numa vida tosca e sem regalia
No teu chão de sujeira é indiferente
Ser rico ou pobre, sagrado ou puta
Por que tudo é junto e se escuta
O pesar triste de toda gente
Que sonha, que chora, sofre e sente
Essas dores da vida de luta.
(Praça Maria Taquara, 2010)