domingo, outubro 11, 2009

Fragmentos.

Vento que vem de toda parte. Dando no meu corpo, aquele ar me falou em gritos de liberdade. Mas liberdade — aposto — ainda é só alegria de um pobre caminhozinho, no dentro do ferro de grandes prisões. Tem uma verdade que se carece de aprender, do encoberto, e que ninguém não ensina: o beco para a liberdade se fazer. Sou um homem ignorante. Mas, me diga o senhor: a vida não é cousa terrível? Lengalenga. Fomos, fomos.

(Grande Sertão: Veredas)

segunda-feira, outubro 05, 2009

Cama

Minha cama é um istmo ligando nossos corpos.
As cordilheiras levantadas pelo lençol
são frias quando não estás.
Cubro-me de solidão,
de ébrios firmamentos,
de vagas celestes.
Mas, amor, se surges como o sol de um dia intenso,
Como a brisa de uma manhã estrangeira,
Meu peito se alegra - náufrago em amores.
Um colchão arquipelado de sentimentos inundados,
Travesseiros como montanhas a tua espera,
Um mundo de corpos se encontrando.
Vem, na penumbra dos meus sentidos, fazer luz e som.