a solidão é
um mar sem fim
que se alimenta das
lágrimas de minha tristeza
e as ondas me trazem a nostalgia
do tempo em que à beira da praia íamos
de mãos dadas e de corações unidos e no
vento que formava novas dunas
brincamos de poesia
fui rei no castelo
na solidão
no mar sem fim
nas tardes quentes o
sol iluminava teu rosto claro
teu riso desafiador tua loucura que me seduz
teu cheiro ainda me acompanha quando vou beira-mar
ouve a quebra das ondas suplicantes
que te chamam ínfimas de amor
traga novamente esta doçura
dos teus olhos claros
mansos quietos
é solidão
é o mar sem fim
peito que fecha o mar a dor outros barcos
é tristeza sem fim no céu triste
mar que vai e volta
na solidão
segunda-feira, abril 30, 2012
domingo, abril 29, 2012
Balada da Saia (ou canção à dança do dia)
Balouçava sugerindo movimentos de cores e ritmos e passava pelo
[pavimento do dia covarde.
Aspectos semelhantes ao céu de outubro,
manequins enciumados, triste poeta cantando elegias:
caberia qualquer coisa naquela farsa, naquela roupa, naquela vida.
A moça vestida que desfilava sua saia, que destilava sua elegância,
que me dera olhares em outrora,
era simples moça sem requisitar vicissitudes poéticas.
A saia dançava soprada pelo vento, que lhe encoubera de ter atenções
necessárias de todas as mulheres.
E, quando vez ou outra, pegava-se olhada por terceiros,
[expunha-se envergonhada no corpo da moça.
Era bailarina moderna, apresentando-se no teatro do dia de primavera.
Então, por fim, a saia passou e passou o carnaval
[e a tristeza do dia tomou seu devido lugar.
[pavimento do dia covarde.
Aspectos semelhantes ao céu de outubro,
manequins enciumados, triste poeta cantando elegias:
caberia qualquer coisa naquela farsa, naquela roupa, naquela vida.
A moça vestida que desfilava sua saia, que destilava sua elegância,
que me dera olhares em outrora,
era simples moça sem requisitar vicissitudes poéticas.
A saia dançava soprada pelo vento, que lhe encoubera de ter atenções
necessárias de todas as mulheres.
E, quando vez ou outra, pegava-se olhada por terceiros,
[expunha-se envergonhada no corpo da moça.
Era bailarina moderna, apresentando-se no teatro do dia de primavera.
A platéia – que aplaudiria de pé tal apresentação caso à visse –
[estava ocupada com outras coisas.
[estava ocupada com outras coisas.
Mas eu, solitário, lhe assistia como fosse um quadro de Da Vinci.
Quisera eu ter aquela moça, para dar-lhe todas as saias do mundo...
Quisera eu ter aquela moça, para dar-lhe todas as saias do mundo...
Então, por fim, a saia passou e passou o carnaval
[e a tristeza do dia tomou seu devido lugar.
A saia distribui beleza no pobre salão de rostos indiferentes.
A moça retribuiu à saia sua elegância.
sexta-feira, abril 27, 2012
Ode para bem-querer
Chamo teu nome com mil vozes
Oriundas da noite
Mas tu não ouves
- tão grande é a luz dos vossos olhos
Tateio versos e te encontro
Junto à minha vontade:
Memória dos nossos desejos
Escondidos sob o tapete
Das percepções
Te busco nas sendas do tempo
Tu somes pelos vão sinais do amor
É tarde agora e penso nas tuas vindas
Espero que te comovas
Ao meu apelo tão sinuoso quanto tua
Visita aos meus olhares
Fale em ti o meu silêncio
E verás surgir do nosso desencontro
As possibilidades de um amor cadenciado
Sussurrando vozes das nossas eras ainda não vividas
Oriundas da noite
Mas tu não ouves
- tão grande é a luz dos vossos olhos
Tateio versos e te encontro
Junto à minha vontade:
Memória dos nossos desejos
Escondidos sob o tapete
Das percepções
Te busco nas sendas do tempo
Tu somes pelos vão sinais do amor
É tarde agora e penso nas tuas vindas
Espero que te comovas
Ao meu apelo tão sinuoso quanto tua
Visita aos meus olhares
Fale em ti o meu silêncio
E verás surgir do nosso desencontro
As possibilidades de um amor cadenciado
Sussurrando vozes das nossas eras ainda não vividas
quarta-feira, abril 25, 2012
Minuta em acalanto
A noite vem borrando o que sobrou do dia
e a tarde se vai como tuas palavras vão para
qualquer lugar além dos meus ouvidos
e se perdem no vácuo dos sentidos
para lá do mundo
estamos ali ambos dispostos sobre o medo
a escutar o som de estrelas e questionar os
motivos da próxima revolução
estamos pretensamente vivos
e esperamos o surgir de novas constelações
para que nelas nos identifiquemos
a nossa história não contada
o nosso sonho nunca pensado
é noite e estamos sós
corpos feitos de areia e tempo
grito espúrio na garganta das horas
a esperar que te deites ao meu lado
e que tuas mãos enrubesçam quaisquer
desejos meus de claridade e fé
não há motivo para os que creem
penso eu
mas te permites deitar-se junto a mim
e misturar tua pele teus gestos à terra
e esperar supernovas dentro de nós
cuja vida pulsando sobre a matéria orgânica
nos segreda apenas que
o amor se revela no ocaso das circunstâncias
e a tarde se vai como tuas palavras vão para
qualquer lugar além dos meus ouvidos
e se perdem no vácuo dos sentidos
para lá do mundo
estamos ali ambos dispostos sobre o medo
a escutar o som de estrelas e questionar os
motivos da próxima revolução
estamos pretensamente vivos
e esperamos o surgir de novas constelações
para que nelas nos identifiquemos
a nossa história não contada
o nosso sonho nunca pensado
é noite e estamos sós
corpos feitos de areia e tempo
grito espúrio na garganta das horas
a esperar que te deites ao meu lado
e que tuas mãos enrubesçam quaisquer
desejos meus de claridade e fé
não há motivo para os que creem
penso eu
mas te permites deitar-se junto a mim
e misturar tua pele teus gestos à terra
e esperar supernovas dentro de nós
cuja vida pulsando sobre a matéria orgânica
nos segreda apenas que
o amor se revela no ocaso das circunstâncias
domingo, abril 22, 2012
Domingo
Levo dentro de mim o cheiro de domingo:
o aroma dos descansos,
do nascer da manhã tênue,
dos jardins indiscretos,
das missas matinais,
da preparação do almoço.
A fragrância dominical
me acompanha no meu íntimo
e me embala num sonho profundo,
quase misericordioso.
O doce perfume das flores brandas,
no colo do tempo,
se aconchega nos meus sentidos.
Eu canto e caminho a passos largos
e penso naqueles que trabalham.
As rendas de perfumes que adornam
meu disforme cotidiano
me pedem calma:
logo haverá vida nova
brincando nas vias circulatórias.
domingo, abril 15, 2012
cantiga de arrebol
devo dizer-te, senhora
que hoje, sem demora
ao acordar abri a janela
para entrar através dela
o sol e a luz do dia
e eu, quem diria
me pus a pensar em ti
no beijo doce que senti
nas juras trocadas
nas vontades saciadas
e no amor que nós vivemos
no entanto, senhora, lembremos
que está um dia nublado
e que requer certo cuidado
é hoje um dia sem luz
e um dia assim nos conduz
a pensamentos ilusórios
e a fatos notórios
que nunca existirão
ficam na imaginação
de dias que não tem sol
e que invento em cantigas de arrebol
que hoje, sem demora
ao acordar abri a janela
para entrar através dela
o sol e a luz do dia
e eu, quem diria
me pus a pensar em ti
no beijo doce que senti
nas juras trocadas
nas vontades saciadas
e no amor que nós vivemos
no entanto, senhora, lembremos
que está um dia nublado
e que requer certo cuidado
é hoje um dia sem luz
e um dia assim nos conduz
a pensamentos ilusórios
e a fatos notórios
que nunca existirão
ficam na imaginação
de dias que não tem sol
e que invento em cantigas de arrebol
terça-feira, abril 10, 2012
Província
também na província
os tempos são outros
vendedores ambulantes fachadas de lojas
[nuvens sujas carros coloridos música alta
[trânsito parado bancas com frutas hippies
[engraxates gente que vem e que vai sempre
[apressada (um homem lotado de coisas
passa por mim, não o reconheço,
embora saiba
que é um homem
que ganha mal e
que tem muitas contas a pagar.)
só as velhas igrejas permanecem
inalteradas e não disputam com prédios
as alturas
Deus de certo
viria cá admirar a arquitetura
pretensiosa dos edifícios
e seus vidros espelhados
ao melhor modo cosmopolitano
talvez não senhores e senhoras
pois a cidade cresce de um lado pro outro
e cresce pra cima mas
e as gentes crescem pra onde?
as gentes não crescem não
as gentes se enfurnam em roupas quentes
e vão tentar ganhar a vida
seja como for
outras gentes se mudam pra viadutos
são viadutos feitos à mão
por gente também concretada
- olha, o sebastião silva fez violas de cocho!
e o desejo de cores
se confunde com a fumaça
quase preta dos carros
quase homicidas
e o sol tem a cor da estação
looks
hairs
70%off
jeans wear
cabe tudo na cidade
nas ruas tortas da cidade
nos sobes e desces da cidade
na provinciana desordem da cidade
os tempos são outros
vendedores ambulantes fachadas de lojas
[nuvens sujas carros coloridos música alta
[trânsito parado bancas com frutas hippies
[engraxates gente que vem e que vai sempre
[apressada (um homem lotado de coisas
passa por mim, não o reconheço,
embora saiba
que é um homem
que ganha mal e
que tem muitas contas a pagar.)
só as velhas igrejas permanecem
inalteradas e não disputam com prédios
as alturas
Deus de certo
viria cá admirar a arquitetura
pretensiosa dos edifícios
e seus vidros espelhados
ao melhor modo cosmopolitano
talvez não senhores e senhoras
pois a cidade cresce de um lado pro outro
e cresce pra cima mas
e as gentes crescem pra onde?
as gentes não crescem não
as gentes se enfurnam em roupas quentes
e vão tentar ganhar a vida
seja como for
outras gentes se mudam pra viadutos
são viadutos feitos à mão
por gente também concretada
- olha, o sebastião silva fez violas de cocho!
e o desejo de cores
se confunde com a fumaça
quase preta dos carros
quase homicidas
e o sol tem a cor da estação
looks
hairs
70%off
jeans wear
cabe tudo na cidade
nas ruas tortas da cidade
nos sobes e desces da cidade
na provinciana desordem da cidade
quarta-feira, abril 04, 2012
Amor e outras coisas n° 3
cheguei da rua
entrei em casa
(ainda não haviam me roubado as chaves)
tirei a camisa suada
me dirigi ao banheiro
tomei um banho gelado
(fazia um calor absurdo em cuiabá)
fui para o quarto
de lâmpada apagada
tateei os objetos
dispostos sobre a mesa
(o imposto de luz era alto demais)
deitei em minha cama
com os cabelos molhados
fechei bem os olhos
e antes que pegasse no sono
me pus a pensar na tua ausência
agradeci a deus por você
até que enfim ter sumido
e dormi um sono tranquilo e renovador
entrei em casa
(ainda não haviam me roubado as chaves)
tirei a camisa suada
me dirigi ao banheiro
tomei um banho gelado
(fazia um calor absurdo em cuiabá)
fui para o quarto
de lâmpada apagada
tateei os objetos
dispostos sobre a mesa
(o imposto de luz era alto demais)
deitei em minha cama
com os cabelos molhados
fechei bem os olhos
e antes que pegasse no sono
me pus a pensar na tua ausência
agradeci a deus por você
até que enfim ter sumido
e dormi um sono tranquilo e renovador
terça-feira, abril 03, 2012
Nocturno n° 4
Minha jangada vai sair pro mar
à procura do teu corpo atlântico
no meio da noite
na cara e a coragem
resvalando em teus passos
disfarçados pelas marés das vontades
onda que me devolve à terra
depois me engole os sentidos
e você reaparece
distante me surges
no escuro da minha memória
vens sorrindo
já não tememos a vida
e a Deus do céu vamos agradecer
à procura do teu corpo atlântico
no meio da noite
na cara e a coragem
resvalando em teus passos
disfarçados pelas marés das vontades
onda que me devolve à terra
depois me engole os sentidos
e você reaparece
distante me surges
no escuro da minha memória
vens sorrindo
já não tememos a vida
e a Deus do céu vamos agradecer
domingo, abril 01, 2012
Conversa tola dirigida ao Sr.Meursault
Hoje, ao findar da tarde,
O sol se apresentava alaranjado.
O clima anda pesado, meu caro.
Seco, como foras,
E denso, como somos.
Me pus a pensar nas nossas existências.
A morte não virá cedo.
A desimportância do entardecer
Revelava só mais um dos quaisquer
Aspectos a que a vida se destina:
A tristeza rósea.
Peço um café e me sento para ver pessoas passando.
Desconhecidas.
Percebo qualquer rosto conhecido e saio:
Não estou para essas gentes.
O céu escuro, a lua em drágea, estrelas bobas;
Tudo me delirava.
E tu, indiferente ao meu dia, pensavas apenas no sol.
E tu, indiferente ao meu dia, pensavas apenas no sol.
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