tento decorar as formas geográficas
o movimento das nuvens planos
rotas e um céu diferente
tenho um tanto de nomes
guardados comigo
e os espalho na rotina
sentimentos conceitos anseios
vou me transfigurando
nas novas paisagens
corpo mutável
língua em movimento
morros ruas & barcos
sou feito de desejos
da noite acobreada
brisa beira-mar
misturo meus modos
às condições do dia
sou massa de carne
que se tempera assim
meio poesia
meio cotidiano
e me chamam poeta
(dessa ocorrência só conheço
os intervalos)
no entanto também sou bicho planta gente
gosto de matéria escura
nos meus recônditos universos
e confluo
consumo
salivas amores tédio
numa vida ordinária e misteriosa
assim
se não escuto ao longe
o assovio do futuro
(melodia familiar mas não tão simples)
ou não consigo ler os rabiscos do passado
me aconchego nos ombros do presente
e recito
silenciosamente
uns versos de Adélia
com fé e paciência
3 comentários:
e um final lindo.
Renan, percebi em meu blog algumas visitas do teu, e resolvi vir aqui para conhecê-lo. Estou muito surpreso com os teus poemas, são muito bons. Esse sobre a Adélia Prado me atingiu em cheio. "sou massa de carne
que se tempera assim
meio poesia
meio cotidiano
e me chamam poeta
(dessa ocorrência só conheço
os intervalos)
no entanto também sou bicho planta gente
gosto de matéria escura
nos meus recônditos universos
e confluo
consumo
salivas amores tédio
numa vida ordinária e misteriosa." Juro que gostaria até de ter escrito esse trecho entre aspas! Posso postar esse poema em meu blog? Se puderes, mande-me uma resposta para o meu e-mail: ulisses.borges@yahoo.com.br Bom ter te descoberto, mas fiquei curioso para saber como tu me descobriste antes. Até! Um abraço.
Nan, o que posso dizer... teus versos estão, a cada dia, deliciosamente mais densos.
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