tola diacrônica
na incipiência dos teus porquês
valendo-se arguta dos pormenores
que ignorei
era pra te ver lugar-comum
depois de tantos anos
eu cresci em você e você
debandando
nosso barco-de-papel
nossa casa e nosso fruir
e depois
logo hoje
era pra te ver
você eu e o fosco céu
na sagração dos nossos pecados
adultos
barba-na-cara
você tão mulher
decidida-a-ser
chega depois de tantos anos
e tantos copos pra te esquecer e
tantas outras-que-não-eram-você
com esse seu mesmo jeito de sempre
(como eu poderia esquecer?)
e eu escondo o aceno
enterro a mão no bolso
você atende o celular
- parece ocupada, sempre quis parecer
e de canto de boca eu sorrio lembrando
do quanto nós deixamos de amar
covardes como poderíamos ser
você passa. me viu. ignoramos a hipótese
o colo o beijo o grito a hora.
talvez quem sabe no futuro quem sabe nunca.
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