Esse vento que não te roça
Nessas folhas que não te significam
E essa história que não te conta
Desse corpo que não te emborca
É esse rio que não te move
E essa perda que não supera
Esse encontro que te demora.
Lá fora o mundo conspira
Bombas doenças
- O estado é de morte.
A gente é porquê.
Se alastra pela memória do tempo
A miséria que se nos lança à cara.
Não podemos parar
Chegaremos atrasados
Ao grande espetáculo
Para o qual não fomos convidados.
(Pela soleira da tua porta entra uma luz
Provisória, como as coisas da vida.)
Somos uma raça de exceções:
Evoluímos no improviso
Uma gambiarra existencial
Filhos temporões de deus.
Desvios, contornos, atalhos.
E teus pés, repousados sobre o destino
E teus pés.
Já não importa:
Serão solitários os versos
Que abrigam a noite
Na boca em silêncio.
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