quinta-feira, junho 14, 2012

Nas ruas.

nas ruas, os jovens se amam.
nas ruas, andam de mãos dadas,
se abraçam, trocam carícias e beijos
esperançosos pelo futuro.
nas ruas, os jovens se matam.
nas ruas, se viciam em crack.
nas ruas são assaltados, baleados,
esfaqueados e morrem esperando socorro.
nas ruas
(e sempre nas ruas)
os jovens tentam atravessá-las
em meio ao tanto de carros, caminhonetes,
ônibus,
os jovens tentam atravessá-las,
saindo de buracos escolas trabalhos medíocres
e são atropelados, ou atropelam
e interrompem o trânsito,
anunciam o caos
e viram estatística de violência urbana.
nas ruas,
quão difíceis são as ruas,
manifestam, pedem, exigem, gritam, revoltam-se.
sempre jovens.
sempre nas ruas.
cada vez mais babacas
entupindo ruas cuspindo clichês vomitando
quaisquer coisas pelas quais ninguém se interessa.
ficam os jovens nessa procissão em círculos
e não sabem que o que os aguarda na próxima esquina
é o grito abafado do medo
as fumaças e o desemprego
nós que não somos jovens apenas continuamos
com nossas vidas difíceis
porque o dia bate à porta
são contas demais a pagar
e dinheiro de menos a receber
apenas continuamos perseguindo o futuro
com um pouco de fé seja no que for
com um pouco de paciência seja com o que for
e com um tanto de vontade de sentar
e esperar que tudo passe, como passam as nuvens
como passa o amor febril
como passam os sonhos, indo pro desconhecido do tempo.




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